segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Qual é o post de hoje?

O mundo virtual alimenta mais de 81,3 milhões de internautas brasileiros sedentos por informações que passam em média mais de 66 horas por mês na frente do monitor. Não é a toa que existem mais de 174 milhões de sites e a cada segundo um novo blog é criado. Informação, entretenimento,denuncias, opiniões e o embrião dos blogs, os diários pessoais, tudo na distancia de um "enter". nem Gutenberg ao produzir a prensa poderia imaginar o longo percurso até chegar o monitor, teclado e o mouse.

Este processo de cultura participativa chamado blog levou para nossas telas de computador histórias até então anonimas, diferentes e cheias de opinião.

E se o número de usuários de computador até 2012 vai chegar a 2 bilhões, nos perguntamos, afinal, qual é o post de hoje???

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Jornalismo alternativo e os movimentos sociais criados no Youtube

Num tom gritado, cheio de caras e bocas e com muita revolta Felipe Neto ressalta: Desde a época da ditadura a juventude brasileira se calou, toda a porra de dia a gente ouve noticia de corrupção e sabe o que a gente faz? Porra nenhuma! Mentira, a gente xinga no twitter (ironiza).

Com inserção na rede Youtube no início de 2010 um jovem que até então cumpria seu papel de ator fracassado passou a ganhar respeito e voz entre jovens. O uso desta ferramenta com o passar rápido do tempo deixou de ser amador superficial e apenas de entretenimento e veio a ser um espaço para denúncia, acidas opiniões e movimentação social, como o bom jornalismo alternativo mostrou e defendeu ser durante os anos.

Entretanto, o fato de Felipe não ter sido estudante de jornalismo, ou nunca ao menos ter pisado em uma redação, ter anotado frases de efeito em seu bloquinho inseparável, ou ter gravado a cena da sua vida com alguma criança fazendo arte ou senhora de idade surpreendendo jovens faz com que essa movimentação social via internet tire sua possibilidade de fazer jornalismo? A resposta, já discutida e mal quista centenas de vezes dentro de salas de aula sempre foi clara. Não!

O jornalismo tem suas raízes na rua, na linguagem social, na narração e compreensão do que foi dito feito, e claro, em algumas aldaciosas vezes, na opinião clara e sem medo de ser dita de determinados jornais. O jornalismo alternativo trouxe aos consumidores de informação uma nova possibilidade de ver determinado fato, em que meia dúzia de jornalistas cansados de falar como numa receita de bolo quem, quando, onde e porquê’s, preferiu inverter tudo que você costumava ler e escrever o novo.

Mas, trazer um tipo diferente de folha, uma diagramação mais simples com menos “figurinhas” e, relatar em saborosas linhas detalhes de coisas que até então nos passavam batidos é ser alternativo? É fazer um até defendido jornalismo, as novas mídias e seus atores, engenheiros, marketeiros fazem o mesmo, e melhor, de formas que nós, jornalistas de sala de aula, de redação e bloquinho rabiscado não fazemos, temos preguiça, medo, ou aquele falso desdém.

Com 1 dia de campanha por preço justo em produtos eletrônicos comprados no Brasil Felipe com seu vídeo protesto, opinativo, de alerta e, por que não jornalístico, conseguiu recrutar 213. 047 assinaturas (número que sobe drasticamente a cada minuto). Meio mais alternativo que este, impossível de existir, lidamos hoje com um público X que necessita de representantes e comunicadores que falem sua língua, que defendam seus interesses, e que transportem e decifrem informações até então confusas para estes telespectadores em algo viável e com impacto.

Durante o vídeo Felipe segue até padrões jornalísticos, para embasar suas críticas o autor do vídeo mostra a diferença dos preços encontrados no exterior e aqui no Brasil e, cita dados numéricos pesquisados sobre o governo do estado do Rio de Janeiro. Para mostrar que, imposto existe, está ai sendo retirado de nossas carteiras e nós, o público X que o ouvimos e nos calamos frente a isso por puro comodismo. Engolimos “carolhocentos” tipos de impostos todos os dias, como grita Felipe, e não nos damos conta.

A questão ganha cada dia mais interrogações e divide mais o mundo do jornalismo. O que Felipe Neto e outros blogueiros cansados de ver o que está acontecendo mundo afora fazem na internet é jornalismo? Aceitamos que o que eles falam e movimentam causa o impacto que nós estudantes acomodados em nossas cadeiras almofadadas nunca fariam ou, procuramos em teorias do jornalismo antigas algo que possamos usar para dizer que eles nunca farão um jornalismo melhor que o nosso, por puro recalque?

O site para assinar o manifesto é:

quarta-feira, 20 de abril de 2011

As horas não vistas de Ademir

Sempre o vi andando pela praça da cidade, por vezes, antes de conhecer sua história confesso que não dava nenhuma atenção e, talvez para ele fosse melhor que eu continuasse sem dar.

Thiago, um colega meu também da cidade, volta e meia narra uma nova história com Ademir. E quem é Ademir? Thiago, meu colega, explica de um jeito amoroso. "Tenho pena do Ademir e o que fazemos com ele. Um quase senhor, sempre tão sozinho pela rua, mesmo conhecendo todo mundo." Bem, talvez seja por isto a solidão, conhecer bem e suportar todo mundo.

Ademir é um homem negro com 55 anos, morador de um beirro simples de Santo Amaro da Imperatriz. Nunca casou, nunca teve filhos e mora com sua mãe, dona Rosa. Mas não é sua vida, sua triste ou feliz tragetória que conta nesta história e torna Ademir tão especial.

Seu ponto principal, motivo de toda a fama pela pequena cidade é delicado, simples e talvez, até comprado no camelô. Ademir usa um relógio de pulso!

- Ademir, que horas tem? Poxa Ademir, o que custa dizer as horas?
Ouvi hoje pela manhã sendo gritado pela rua por um molequinho que saiu a gargalhar. Em seguida me aproximo, sei que o menino se chama Alex e que repete a brincadeira toda semana.

"A parte mais engraçada é ver o jeito que ele gica bravo, fala umas coisas que ninguém entende. Resmunga tanto que todo mundo por perto ri, talvez se ele não desse bola não teria tanta graça perguntar as horas pra ele". Me disse Alex já cheio de pressa indo embora.

Tem uns dois anos que até comunidade na rede Orkut Ademir ganhou. 380 pessoas confessam em bom som: Perguntei as horas pro Ademir! A brincadeira já se tornou tradição, cultura na cidade. Jogue Santo Amaro no Wikipedia e lá estará Ademir, ande pela cidade meio dia e lá verá ele andando, veja um pequeno grupo de crianças gargalhando e lá estará provavelmente ele.

Nesse misto de sentimentos e ações, uma coisa é certa, ninguém que eu tenha conversado,
ou que você pergunte na rua, acha bacana a brincadeira feita com Ademir, é maldade, preconceito, entretanto, todos que acham isto, infelizmente, ou felizmente para nossa história, já perguntaram as horas para o Ademir. Minha amiga Ana, também moradora de Santo Amaro me disse certo dia que quando o Ademir quer ser sério, ele é. Que semanalmente encontra sua avó e ele conversando no portão sobre o que acham certo e errado na cidade, e pelo que ouve fica surpresa de, um dia ele gritar com todos no meio da rua, e no outro, falar sobre o novo desvio feito em tal rua que atrapalhará o trânsito em horário de pico.

O que talvez possa lhe dar todo sentido a esta história, e pensar que o povo daqui não é tão perseguidor sem motivos no mínimo engraçados minha avó, dona Natália, pode te explicar melhor. Dia desses ela me falou que soube numa conversa com a mãe e Ademir que hoje ele nem reclama mais em casa da brincadeira e que quando esquece o relógio volta correndo em casa para colocar.

Para nós, eu e minha avó, quem ri dessa história é ele, que usa o relógio sem saber ver as horas só pela fama.


sábado, 19 de fevereiro de 2011

Umas palavras sinceras num sábado de noite.

Confesso, uma criança de 8 anos poderia ter mais coragem que eu neste momento.

Falei a todos que poderia lidar bem com a situação, deixei meus pais orgulhosos e, embora visse o pé atrás que meu pai mantinha, eu sabia enganar bem os dois.

Para os meus amigos eu sou só mais uma que acaba tendo que fazer isto mais uma vez, para uns confesso que devo ser vista como careta, não aproveitar uma chance dessas para abusar da bebida, diferentes parceiros, uma loucura na piscina.

Mas, gosto de ser assim. Ou melhor, gosto de deixar claro a todos que de nada isto me incomoda, me atrevo a dizer que, até gosto, acho relaxante, uma experiência renovadora. Mas oras, a quem engano? Não se passaram nem 2 horas que a noite começou a chegar e a tormenta já me acompanha. Fico aflita, bem que meus pais ou uma boa companhia poderia voltar. Mas foi para isto que me propus, foi para exatamente isto que disse que não teria medos. Então, cabe apenas a mim mesma dar um jeito nesta confusão.

Conforme a noite vai chegando às cortinas se fecham, fico num canto escolhido como mais seguro e até, veja só, digito algumas palavras meio sem nexo para tentar, nada mais que uma tentativa barata, ser alguém mais confiante, sem medos. Quem sabe umas lutas ou uma música meio deprê logo mais me faça sentir menos calafrios.

Confundo-me rotineiramente com qualquer barulho que surge do lado de fora, aumento o volume de tudo, talvez me faça não ouvir as pessoas na rua, o vento que bate no metal, ou seja o que for aquilo que me fez por uns segundos não respirar. Por que ninguém ainda apareceu? Será que vai ser isso mesmo, eu e meus medos por toda a noite? E eu que me gabava a pouco pelos meus vinte e tantos anos de maturidade.

Ok, a noite lá fora já chegou, passaram-se 20 minutos desde que comecei a confessar estas confusas palavras e, preciso me assumir adulta, preciso me assumir forte, preciso assumir... tenho medo de dormir sozinha em casa.




segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Uma breve apresentação e fim.

A história de hoje circula por diversos arredores de São Paulo. Trata-se de um dia qualquer, na vida de pessoas que até então não fazem diferença alguma em nossas vidas, e bem, quem sabe, talvez não venham a fazer no futuro também.

Dona Lurdinha é moradora do bairro Jardins desde que se casou com o Doutor Lineu, hoje já falecido. Lurdinha tinha um dia típico de uma senhora que já beirava seus 75 anos, acordara sempre às 8 da manhã para sua caminhada lenta, parando sempre no Crepe de Munic para um café da manhã com as amigas Norma e Luna. Saia de lá por volta das 10 e meia da manhã, não havia pressa nunca, sabia que nada de inovador a esperava pelo restante do dia. Em casa regava as plantas que, era uma das duas tarefas proibidas as empregadas.

- Criadas servem para lavar, ensaboar, e tirar o pó. Não é possível confiar uma refeição parisiense nas mãos de uma tal da Brasilândia e, muito menos, os cuidados de minhas plantas tão exóticas a “essazinhas” que devem achar que violeta é uma flor fina e que samambaia fique linda no canto da sala. Não não, não mesmo.

Seu dia não passava disto: caminhadas lentas, refeições em bons locais e, cuidados com as plantas.

Longe dali, do lado baixo da cidade, morava Marta. 26 anos, terminando o cursinho de enfermagem bancado à custa de um emprego em uma loja de departamentos do shopping. O dia de Marta tinha início umas 2 horas antes do de Lurdinha, 6 em ponto o relógio despertava com aquela música infernal que sempre lhe dava sustos, um dia ainda iria na loja de sua tia trocar, mas sempre esquecia. Tomava um rápido banho, um copo de leite enquanto trocava de roupa, verificava se o cartão de desconto do ônibus e o de alimentação estavam na carteira, e saia ajeitando a alça do sutiã pela rua. Marta não sabia, mas, seu Jeremias da padaria sempre esperava a moça carnuda passar e, ajeitar o sutiã que ficava atrapalhando a fogosa moça.

- Ônibus cheio, que novidade! Lá vou eu mais um dia andar toda apertada nessa bagaça cheia de homem tarado. Não que eu não goste, de vez em quando tem um gatinho, já até passei meu telefone pra um, mas, só me rendeu uma noite de forró e uns dedos pisados. Se não sabe dançar, não convida, oras!

Daquele ônibus apertado Marta ia para o shopping, seu turno era das 9 até as 5 da tarde, mas era ótimo, via gente bonita, tinha as melhores amigas do mundo e todas do mesmo departamento, o que a incomodava mesmo eram as 2 horas de ônibus entre filas e apertos.

Enquanto Lurdinha caminhava lentamente e Marta ajeitava as coisas para a loja abrir, Julinha estava em seu décimo sono. Não que dormisse demais, apenas saia do computador muito tarde e, em conseqüência, acordava tarde também, mas sabia que se precisasse acordar cedo conseguiria. Pelo menos era essa a desculpa dada aos pais todos os dias por volta do meio dia quando acordava. Julinha havia a pouco se formado no ensino médio, típica menina de cursinho pré-vestibular, acordava meio dia, hoje almoçava ovo frito escondido em casa, amanhã, comida japonesa com as amigas no shopping. Passava a tarde no cursinho, hoje anotava algumas equações e musiquinhas de regras, amanhã, ouvia o novo hit da Brit no mp7, 8, 9 que acabara de ganhar.

- Não agüento mais, é tanta pressão, pais reclamando sempre, logo de mim, que estudo tanto, que só quero trazer orgulho. Não é porque a vida deles foi difícil e todo aquele blá blá blá que a minha precisa ser igual, ué. Algumas pessoas nascem pra viver bem, eu acho!

Certo dia, o famoso dia qualquer, Lurdinha resolvera almoçar no shopping que ficava a 2 quadras de sua casa, já havia regado as plantas e, bem, sabemos todos nós que as criadas não nasceram pra uma boa culinária. O tal dia qualquer também existiu para Marta, que por trabalhar no mesmo shopping que Lurdinha morava próxima também iria por ali almoçar, afinal, o cartão de vale refeição estava cheio, e sabemos o quanto é bacana almoçar vendo gente bonita pelo shopping. Já Julinha havia decidido que hoje iria fazer a social ‘cazamiga’, nada de ovos fritos, hoje, o bendito dia qualquer, também estava a seu favor, e nada que uma caroninha de pai não resolvesse a situação do “Almoço japonês” e boas roupas.

E aqui estamos nós, o famoso dia qualquer, o dia em que zona Leste, Sul e Oeste resolveram almoçar no shopping. Ver gente bonita, fazer a social com Japanese food e, claro, comer algo digno que não seja feito por criadas da Brasilândia.

Aqui estão elas, num famoso shopping de São Paulo, sempre muito elogiado por sua limpeza e beleza interior.

Aqui estamos nós.

Eu que te fiz ler até aqui para ver um vídeo bobo de youtube, e você, que vai terminar de ler esta postagem me chamando de tudo que é coisa ruim, achando que não tenho competência para terminar uma história que até então só te serviu para sentir cansaço nas vistas.

(Se reparar bem vai encontrar minhas 3 personagens. Lá no fundo isso até que tem um sentido.)

Na verdade, só queria dizer desde o início que elas não estavam sós.

E sim, é só isso mesmo! Acabou aqui, eu tinha avisado no título que seria apenas isso, não sei por que esperou mais.

(Tudo bem, sei que você não vai voltar nunca mais. Eu também não voltaria!)

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Da simpatia para a tecnologia, o vício de Branca

Tudo começou aos 14 anos. Uma mãe fumante que não acendia o próprio cigarro e pedia para a filha mais nova por fogo em seu vício. Maria José, Branca para os mais chegados, acendia o vício da mãe no fogão de lenha que ficava escondido na cozinha de chão batido. Como benefício da ajuda, a adolescente ganhava a bituca do cigarro da mãe e ali naqueles poucos restos de tabaco se dava início a uma longa história de amor e ódio pelo vício.

Dessa história de início tímido e inocente, as coisas passaram a ficar maiores. Dois anos depois, a mãe de Branca, dona Emília, decidiu largar o cigarro. Dentro de casa cigarro não podia mais entrar. A jovem e viciada Branca teve que usar a criatividade. "Se todo mundo que fuma deixar um pouco, alguém precisa fumar o que sobrou". E foi nesse vício, misturado com a inocência de uma adolescente em seus 16 anos, que a brincadeira de caça aos toquinhos de cigarro alheio começou. Foram anos e anos andando pelas ruas e reacendendo cigarros do chão. Nesse meio tempo, Branca se casou. Olha que injustiça do destino: casou-se com um marido que cigarro não queria ver. E lá continuava Branca, um toco de lá, outro mais adiante.. Mas tudo muito bem organizado, o vício dela é regrado.

Com Branca não existem exageros. São três cigarros por dia bem divididos e disso não passa. Para largar os malditos três “cigarrinhos” muita coisa já fez. Simpatias não faltaram. Ela já jogou maço de cigarros na água e não olhou para trás, deixou cigarro dentro de um copo com água e, depois de um dia inteiro, lá se via Branca tomando a água do copo cinzento. Simpatias à parte, Branca também confia na tecnologia. Entre um copo de cerveja e outro, conta-me sobre uma encomenda que está por vir: o cigarro eletrônico. Com os mesmos sabores e saindo fumaça como qualquer outro cigarro, o eletrônico serve de substituto para quem deseja largar o vício, mas sem a nicotina e o famoso cheiro ruim. Ela diz que é a última tentativa. A esperança agora está nos Correios, que já está com a encomenda atrasada.

domingo, 26 de dezembro de 2010

A viagem


Como toda viagem, sempre esperamos algo novo, parece que as esperanças se renovam, mudamos de sorriso, de ares.

Só que esta, terrivelmente esta viagem, conseguiu destruir qualquer esperança, gosto, e sorriso que eu poderia ter, e eu ainda nem havia embarcado. Decidimos ir pra São Paulo na 29ª Bienal de Arte, eramos um grupo de 30 estudantes de comunicação de uma universidade de Florianópolis. Lembro-me bem que no mesmo dia da viagem meu querido Paul McCartney estaria no estado vizinho fazendo o show da minha vida, com o valor, claro, que não se encaixa com a minha vida. E por falta de dinheiro decidi pelo barato, melhor que isso, pelo chamado 0800, free, o 'de graça' que é sempre de bom agrado.

A viagem me animava bastante na verdade, de São Paulo eu conhecia só o interior, a capital era algo que só via na TV. E na sexta-feira pela manhã já estava com tudo arrumado. Me disseram que lá faria calor, junto da bolsa com biscoitos e guardados já separava meu
melhor vestido. Queria estar bem, bonita e renovada na tal de Sampa. A tarde no estágio passou num piscar de olhos, só pensava nos passeios, na brisa leve, e o quanto seria bom mudar de ar. Até que, ouço um raio meio tímido vindo da rua, e em seguida, assim como na TV, aquela chuva exageradamente exagerada que cai no mesmo instante. Sempre achei que esse fosse o maior defeito da insdústria de filmes, chuva mentirosa, sempre me dava vontade de desligar. Calo minha boca, maldita chuva de filme.

Em questão de minutos a estrada tinha virado lago. Nessas horas lembro do saquinho de bala que joguei no chão, maldito! Chega a hora de me encaminhar à rodoviária, e só de andar 5 metros até meu ponto já estava ensopada. Sabe quando algo te diz: "Não vá, fique ai parada!"?
Nas horas de medo sempre ligo pra minha mãe. É bobo, é ingenuo, é infantil, mas preciso dos gritos dela me mandando ser adulta para resolver as situações. E assim mamãe fez, no início sempre calma, 1 minutos depois perde a paciência com meus "O que você acha?",
"Me diz o que eu faço!", com 2 minutos ouvi o grito: "Te decide e seja adulta!" que tanto esperava e decidi. Se era ar novo que eu queria, ar melhor do que o da chuva não deve existir. Vamos lá!

Como toda comédia que a vida nos reserva, entro no ônibus e a chuva que me enxarcava lá fora cessa, de repente assim como no tal filme da TV.
Mas vamos lá, São Paulo me reserva o sol bonito, o vestido florido, vai ser legal. No meio da viagem meus sapatos já haviam secado e as calças pareciam novas. É você né Sampa? Cheio de coisas positivas pra me trazer. A viagem foi longa, jogatinas, fofocas, um pouco de cerveja, paradas caras. Acabei descobrindo que postos de parada e motoristas de ônibus são uma máfia, mas a manhã nos acorda, ou pelo menos acorda quem conseguiu dormir. 30 jovens que reclamavam de fome feito crianças sairam pelas ruas atrás de lugar pra comer, 30 jovens que se perderam centanas de vezes como crianças também, e por fim, voilá, a padaria.

O preço era mais caro que as tais postos da máfia, mas estavamos comendo, secos e felizes.. De lá até a Bienal era fácil, algumas curvas e quadras e pronto. Mas a chuva, que mais quis aparecer nessa viagem, resolveu voltar, assim como no filme, e no dia anterior.
Choveu um tanto que acredito que nem os paulistas esperavam, nem os vendedores de sombrinhas esperavam, e nem minha calça e sapatos, enfim secos, esperavam também. Mas como a vida é uma caixinha de bombons, nunca sabemos o que pode acontecer. E não é que toda essa chuva, tombos na lama, foram o que transformaram uma ida a Bienal tão especial. Talvez se não houvesse todos estes desastres do cotidiano eu não tivesse nada para relembrar neste texto, nada que me fizesse gargalhar ao digitar alguns parágrafos, e ter o que te dizer.

E a próxima história de Bienal agora? Só ano que vem, com algum tornado, talvez.

domingo, 7 de novembro de 2010

Bienal das loucuras


Bienal de Artes em sampa esse fim de semana foi MUITO BOA!

10 horas pra ir, ônibus cheio de amigos, UNO, cerveja e animação, chegada chuvosa, corpo molhado, gargalhadas impróprias, 10 horas pra voltar, 2 dias sem banho, aquele cheiro de desodorante coletivo, pessoal morto, mais cerveja, mais UNO, - cadê meu travesseiro?, dormi, acordei em Floripa novamente, bom dia minha terra sem garoa!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Velhos tempos


Idéia!

Pesquisa, pesquisa, pesquisa.
1,2,3 gravando.. me conte a sua história?
Pensa daqui, manipula de lá, passa chuva, olha o sol, cada coisa que vejo.
Ok, sossega a bunda na cadeira, 1 café, 2 cafés, 15 cafés.

Bingo.

Aqui está você, minha reportagem.


sábado, 24 de julho de 2010

Por que é tão feio?

É definitivamente a posição mais humilhante que alguém poderia ficar. Não, não estou falando de meianove, de quatro e, todo aquele arsenal que conhecemos durante a vida. O assunto aqui meu jovem é outro, me refiro à horinha maldita em que você tosse.

Se tem uma coisa que você descobre sobre mim ao me conhecer é que, a gripe me idolatra. Volta e meia, coisa de uma vez por mês (ou um pouco mais, em época de sorte) a danadinha metida vem dar o ar da graça aqui no meu corpinho. Ela é daquelas que gosta de uma surpresa, chega chegando, não me dá descanso, olha pela fresta da porta se estou dormindo e PLUF, me acorda nervosa, antes de abrir meus olhos cansados e banhados numa remela gostosa da noite que passou, aquela sensação de aperto no peito já preenche tudo, feito uma panela de pressão o aperto vai subindo, subindo, subindo.. Quando vejo a tossida desesperada sai daqui de dentro aloprada. Quanto nervosismo!

E é ai que quem fica nervosa sou eu, olho pros lados no mesmo segundo, aquele medo de que alguém possa ter visto a dita ceninha broxante. E é por isso que hoje vim desabafar.

Por que tossir é tão feio? Primeiro você faz aquela cara de desespero tentando controlar o Tsunami que quer sair de você, depois é aquele biquinho de leve (lembrando muito bem a fisionomia de um pato, sendo enforcado), ai sim, você abre o bocão nervoso, empina o rosto pro lado que ninguém o veja (se você conseguir) e solta o famoso COF COF do jeito mais peculiar que ele possa ser (sem contar aquele medo absurdo de junto do ar da tossida vir aquele creme gostoso, verde, que lhe escapa pelos lábios). É eu sei, é nojento, é algo que eu podia guardar para mim e meus constrangimentos, mas eu precisava desabafar, sei que não sou a única que passa por isso (espero pelo menos que não).

Uma vez li em uma comunidade do orkut que tossir no inverno era modinha, acho que está na hora de eu parar de anarquia e deixar as tossidas só para o inverno. Porque o ano todo ta ficando difícil.

sábado, 17 de julho de 2010

Hoje o blog tá triste!

Mudei o nome do blog... E perdi TODOS os comentários.

E por isso, hoje o blog tá triste. Bem triste!


É isso.
Ia pedir pra todo mundo me ajudar a resgatar a memória comentarística do blog repostando tudo que já escreveu aqui até hoje.

Mas, né...

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Alguém precisa defender os fotologs.

Quando eu falo pra alguém:

- Eu tenho um fotolog!
ou
- Vi foto de fulano no fotolog dele..

A pessoa geralmente olha com aquela cara super sem entender e fala praticamente me agredindo:

- Tu AIIINDA tem um fo-to-log? Gente, isso ainda existe?

Mas PORRA, eu não estou falando de um Tazzo, ou de um Tamagushi que eu tinha que levar pra aula e levar esporro pra aquele porra não morrer, ou quem sabe de um Super Nintendo que assoprava as fitas pra funcionar e travar novamente no meio do jogo. Tô falando que por cargas d'agua eu gostei de um site que conheci em 2007/2008 e achei legal, não preciso alimentar, nem dar banho ou pôr pra fazer xixi a cada 5 minutos. Preciso somente ter ele e usar quando eu bem entender! E outro motivo muito legal para se ter um fotolog é que você pode usar ele como um suporte de links seus, tipo uma promoção sua de você mesmo para só você ver (porque ninguém se interessa pela sua vida).

(Eu sei que hoje existe um site específico de suporte para outros sites pessoais, mas eu sou preconceituosa com esses novos sites. Err..)

Não sei porque as pessoas tem preconceitos por coisas que eram famosas à 2 anos atrás e hoje não são mais, a memória das pessoas está ficando cada dia mais curta, se pudéssemos medir ela com letras não passariam de 140 caracteres, aposto.

EU TENHO O MEU FOTOLOG, ACHO FOFO POSTAR DE VEZ EM QUANDO NELE. ATÉ PORQUE EU ARMAZENO TODOS OS MEUS 'ENDEREÇOS VIRTUAIS' LÁ NO CANTINHO DIREITO DA TELA, E ISSO É LEGAL. E EU SOU UMA PESSOA LEGAL, É.

Viu, achei um monte de motivos bem bacanas pra ter ainda o meu fotolog, posso usar ele agora?

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Numa daquelas conversas de msn...


frã-ã-an , diz:
Pois é, mas todos os ramos são assim, né?

Não tenho a mínima noção de como vai ser meu futuro.
Queria muito ser jornalista de moda, mas sei que preciso estudar muuuuuuuuuuito..
Queria muito ser cronista, mas tem tanta gente boa por ai... Retorno ao primário, B+A.
Queria muito fazer documentários, mas a concorrência é o inverso do que se ganha de dinheiro.
E hoje o que eu quero? Que me apareça um emprego de jornalista faz de tudo, que eu tô topando.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A caixinha de música que guardava duas bailarinas


Futucando bem todo mundo tem piolho ou tem cheiro de creolina, todo mundo tem um irmão meio zarolho só a bailarina que não tem. Nem unha encardida, nem dente com comida, nem casca de ferida ela não tem. Dizia Chico em versos cantados ao lembrar da doce personagem que conhecemos dos palcos. Sempre tão distante da realidade que vivemos a bailarina é o potencial de toda pureza, beleza e delicadeza que possamos imaginar. Entretanto, duas jovens senhorinhas que vivem todas as realidades imagináveis trazem para o balé um “quê” de verdade.

Beatriz e Bianca são raridades literalmente, irmãs gêmeas idênticas daquelas que confundem a mãe, o pai, os irmãos, menos namorados, isso não pode. Por falar em namorados, falamos deles baixinho, o pai é ciumento e a mãe pede para namorarem escondidinho. As adolescentes de 17 anos são idênticas de rosto, de dança e de sonho, afinal, quem tira da cabeça de uma bailarina que seu futuro será de dançar, brincar com o corpo no palco, brilhar?

A arte veio cedo, junto dela a fé. Dentro da igreja Presbiteriana nossas bailarinas encontraram a dança, de saltos e coreografias as irmãs chamavam a atenção da comunidade que passou a entrar na igreja para com elas aprender a coreografar. A família que da fé já tinha recebido provas, quando muito cedo ganhara uma casa em um sorteio seguiu os paços delicados das meninas, foram todos conhecer a nova religião e lá ficaram. Gêmeas sapecas, da dança fizeram fé.

Conhecendo bem lá no fundo de uma conversa se enxerga a bailarina de uma vida. Talvez um pouco cansada, ou quem sabe apaixonada, mas essa fase sempre se tem. Uma vida mais sofrida, às vezes precisando de uma rifa, essa vida a bailarina também tem. Conhecendo bem lá no fim de uma conversa, você encontra a bailarina que o Chico não viu, aquela que estuda e acorda bem cedinho, lava a louça rapidinho e ajeita a casa num segundo pra criar coreografias que só ela tem. Beatriz e Bianca são bailarinas da vida, acreditam na dança de rua, e bailarina assim vive também.

sábado, 19 de junho de 2010

encontro a 4

São meses que correm e não olhamos no relógio, quando paramos por um segundo nos localizamos e sentimos falta de viver. Aquele tempo de colégio que dá saudade, risos e brigas todos os dias numa profundidade sem fim.

Depois de meses passados e tanto carinho perdido no tempo, marcamos, nos obrigamos, desmarcamos qualquer obrigação e encaramos o passado em nossa frente. Trocam-se ligações que até então se viam esquecidas, voltam os recados, - Te pego ai de carro!

E em um instante, a saudade volta sem tamanho, abraços, desabafos, me entrego. E percebo que meu tempo sozinha não vale a pena, sem vocês, meus amigos eternos.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Os restaurantes universitários e seus maiores rivais, a clientela.

Quando falamos sobre universidade diversos ambientes vem em nossa cabeça, e um dos lideres dessa lista é o restaurante universitário. Gente bem vestida, na correria, passando tempo, ou simplesmente comendo, transitam as mesas coloridas e os bufes da Unisul todos os dias. Mas, ao falarmos sobre dinheiro, qualidade e variedade o assunto ganha uma atenção maior.

A aluna Ariana, 22 anos, cursa Educação Física e almoça à três anos todos os dias na Unisul. Nesse período, mudanças de cardápio, finais de mês com pouco dinheiro e muito tempo em filas de bufes tornaram-se rotineiros para a atleta de judô, que lamenta pela carência nutricional de seus almoços. “Enquanto o restaurante Doutor Gourmet se preocupa com o dinheiro, o restaurante Vô João abusa das frituras. Você paga caro por grelhados ali, ou gasta menos e mergulha em gordura lá.”

Se em algumas mesas encontramos alunos da Unisul que passam grande parte de seus dias na universidade, em outras nos deparamos com estudantes e trabalhadores que usam o restaurante como artigo raro, e a conversa muda de rumo. Exemplo disso é a aluna de psicologia Mariana, 25 anos, que almoça na Unisul somente uma vez por semana. A estudante é categórica ao dizer que o preço que paga pelo seu almoço é justo, pelo menos para ela, que costuma almoçar em restaurantes mais caros em Florianópolis e encontra no restaurante universitário um cardápio variado semanalmente e de preço razoável.

Entre sugestões de menores preços exclusivos para os estudantes, restaurantes realmente universitários, e exemplos de almoços com boa qualidade e preço baixo como o projeto Bom Prato, do governo de São Paulo, que serve pratos com uma boa base de arroz, feijão, carne, três variedades de salada e ainda sobremesa por apenas um real, o espaço mais tranqüilo da universidade mostrou-se dividido de decisões. Infelizmente, cabe somente aos restaurantes o poder de variedade nos alimentos e o preço cobrado aos universitários. E aos estudantes e clientes assíduos, uma boa sorte no próximo almoço.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Entre batidas e arranhões, deu-se o grito!

O moço tinha pele clara, olhos de rei e cabelo de anjo, mostrava uma nobreza no sangue só de se olhar. Eu observava a uns cinqüenta metros de distância, mais precisamente do outro lado da rua, atrás do balcão.

Ele como todo homem nobre se comunicava dominante com dois ou três anciãos que dividiam uma mesa improvisada no meio da grande obra aqui ao lado. Eu que estava atrás do balcão coberta por bugigangas distraia minhas olheiras cansadas com leituras vagas sobre antropólogos físicos e culturais, dali nada de concreto saia, tantas palavras bem formadas unidas, mas me gasto com puras teorias. Vivem sem singular e plural demais não enfatiza.
Entre meus paleontólogos e lingüistas o que imperava mesmo eram os sussurros gritados do outro lado da rua, - Aaa, eeei, rááááá, tiravam-me definitivamente do mundo dos homens que buscavam entender o mundo, ali, quem nada entendia era eu. Sussurros altos, coisa de ensurdecer surdo-mudo.
Por falar em mudo, percebi quando estava atrás do balcão que muda me transformo na solidão. E o carinha ali da frente que mudo nasceu com expressões de rei e sussurros na sua utopia ligados no auto-falante transformou-se no comunicador chefe. Falante para os homens da mesa, para a moça do balcão e para antropólogos chatos que me ensinam menos nos livros do que o mudo falastrão.

domingo, 21 de março de 2010

Crônica do Chão!


O povo deve achar que só por eu simples e quieto não tenho vida. Ou talvez que eu nem mereça uma crônica só minha, mas quer saber, tem louco pra tudo nesse mundo.

Eu não entendo essa gente! Pisam em mim, me esfregam, sentam para fumar um ‘’beck’’, me queimam com a porra do cigarro. Eu sinceramente gosto quando me dão banho, me esfregam... Sinto um carinho imenso, como se fosse uma massagem. A chuva também me agrada, mas vocês seus porcos imundos fazem uma simples chuvinha virar piscina, uma enchente que não termina. O que me faz realmente não me sentir nada bem é quando me abrem para enterrar alguém ou quando aquele cara bêbado que sai da noitada achando que não vai vomitar e ‘’blééééhhh’’.

Não vai pensando que eu não tenho nenhum valor, ou o que falei até aqui não passa de um desabafo para um analista. Eu geralmente presencio coisas que muita gente gostaria de ver. Uma cena de sexo por exemplo! Imaginem vocês meninos: A maior gata da faculdade entrando de saia, quem tem a maior visão?

É certo, nessas coisas eu levo só vantagem. Mas você espectador, deve querer-me fazer aquela pergunta: E você chão? Como se sente quando aquele ‘’gordão’’ arrasta a cadeira e senta em você? Aí meu caro, não queira ser eu.

Muitas das vezes me orgulho do meu papel, participo de muitas passeatas, e em muitas delas sou papel essencial. Acredite, até obra de arte posso virar, a criatividade é realmente uma loucura, hoje você passa e nem me nota e amanhã, após uma ou duas pinceladas já sou artista principal, uma obra.

Além de artista, taradão, e piscina a céu aberto às vezes sou até cama pra mendigo e seu cão. Serviço completo, sabe como é: banheiro espaçoso e colchão. Sejamos claros, quem mija também caga, e se a adubagem é boa vou parar no seu almoço.. eu sei, eu sei, estou em todos os lugares, sou o colosso.

Imagino que de início você achou que essa prosa não chegaria a lugar algum, mas a verdade é que tem chão pra tudo nesse mundo. Viro piquenique e reúno a família que nem vivia mais, e quando a distancia a separa é no chão que todos pousam e aquele chororó trás a paz.

Um dia me perguntaram se é ruim morar em cima do diabo...Olha eu acho o cara mó legal, sempre tem festa lá no ap dele o movimento é quase tão intenso como o aqui de cima. O cara não meche comigo, afinal ele sabe que sempre mando alguém lá pra baixo e gente nova é sempre bom.. Quer saber a verdade? Vejo cada peça aqui em cima que parece que o povo tá louquinho pra participar da suruba de maldades que o cara lá de baixo faz.

A vida de chão é assim mesmo, eu escuto, sinto, e principalmente, vejo cada coisa. Se eu fosse você tratava de olhar melhor no que você ta pisando, vai que eu te trago aqui pra baixo.


Essa crônica é de autoria dupla, eu e Ana Luiza concordamos com o simples fato de até o chão merecer uma crônica só sua. Está feito.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

As 2.800 espécies da comunicação.

Ok, lá vai a bomba: Eu não fui na semana da comunicação!

Eu não iria contar, não que eu fosse mentir, apenas ficaria em silêncio no meio do grupo quando a pergunta fosse feita. Mas já que me foi pedido um texto sobre a semana da comunicação, cuja semaninha maldita que eu não fui, me senti meio constrangida e sem imaginação suficiente para inventar gigantesca desculpa.

Então vamos aos verdadeiros fatos, o problema é que meu guardarroupa estava bagunçado, então tirei a semana de palestras e desabafos de antigos alunos da minha querida universidade para dar um jeito no recanto dos cupins que guardo minhas coisas.

Soube que segunda-feira haveria uma palestra sobre mídias e linguagens, até achei que poderia ser interessante, de grande utilidade para alguém que planeja trabalhar com mídia e junto com a coisa toda, as linguagens. Todavia, o meu guardarroupa que hoje escrevo com 2 “R’s” me deixou entretida demais no quesito linguagem, então deixei este dia para entende-lo e assim, decifra-lo (ai entra a poesia das mídias, entende?).

Seguindo a agenda semanal me deparei com pesquisa em comunicação na terça-feira. Até pensei levemente em ir ao campus e ver o que seria isso, porém, a linguagem que acontecera ontem me deixou tão estupefata com tamanha bagunça e desordem que resolvi fazer a pesquisa ali mesmo. Analisei todas as classes de bichos, insetos, por falar nisso, sabia que existem mais de 2.800 espécies de cupins? Pois é, fato muito relevante que me preocupou ao ponto de não aceitar que meu guardarroupa continuasse poluindo minhas blusinhas do jeito que houvera feito até hoje, por isso a quarta –feira foi dedicada as roupas, 2.800 cupins e etc.

Quinta-feira o assunto era o caminho da comunicação. Pra onde ela iria, rumos a tomar, medos com salários cada vez mais baixos, dia-a-dia de um jornalista, enfim, aquela famosa mesa redonda que acontece em todas as semanas de comunicação, mas que você sempre vai e sai de lá com a mesma cara de pastel. Então, eu que hoje me encontro na fase mais esquisita da faculdade, aquela que você já fez 2 anos e se acha o maioral, porém, todavia, contudo, sabe que ainda faltam 2 anos, o que te torna um nada, um qualquer, que ainda tem muito, mas muito mesmo para aprender, resolvi ficar em casa também. Fiquei naquele vou-não-vou por algumas horas, mas todos nós que entramos no meio do jornalismo já temos uma clara noção de que trabalharemos muito e ganharemos pouco, que ouviremos demais e falaremos regradamente, e que no fim tudo são rosas, afinal, amamos nossa profissão. Por este fato de já ter toda a conversa de 3 horas na cabeça e aqueles 2.800 tipos de cupins no guardarroupa resolvi ficar, algo bem justo até.

Por fim trago meu principal álibi para minha semana de caça cupins e faltas justificáveis na semana da comunicação. Soube que sexta – feira lidaria com a conclusão de uma semana de maluquices apresentadas pelo professor Daniel Izidoro, uma espécie de feira de ciências no mundo hipermidiático. O fato me fez lembrar dos 2.800 cupins que me enlouqueceram tanto essa semana na tentativa de comunicação “mulher – inseto” que de loucura eu já estava farta. Então, preferi vestir meu pijama limpo e sem nenhum rastro de inseto, e fazer esta analise ilusória. Assim, livro-me dos cupins, e de futuros constrangimentos na hora da tão esperada pergunta: “Quem aqui foi na semana da comunicação?”.

texto bobo feito para jornalismo impresso, as vezes é gostoso falar totalmente o inverso do esperado.

Eu que fiz o desenho, sou mágica.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Os ponteiros no olhar

Exatamente 1 hora, um pouco mais talvez em horário de pico, é o tempo que levo para sair da zona rural até a ilha, ponto final.

O sol que ainda brilhava vai sumindo, a falta dele me traz a memória que a noite é fria, mórbida. Noto pelo número de casacos que vai surgindo das bolsas, uns meio amontoados outros bem passados, alguns meio tímidos, pouco pano, afinal para que tanto?

Numa sequencia como se estivéssemos num musical as janelas vão se fechando, uma atitude até que normal, afinal o vento já seria inimigo fatal.

Ok, fatal nem tanto, afinal o moço da minha frente não participou do pequeno musical. Infeliz, que calor é esse? Não vê que de atchins já canta meu nariz?

Encolho-me feito criança com medo, dou tossidas de desespero. Mas nada serve de sinal para o fulaninho praieiro.

No segundo em que meu MP4 para noto que ali ninguém fala, é um silencio, situação enigmática. Assassinaram as gralhas? Cadê as risadas, fofocas de balada, reclamação da empregada? Nada! Conversar para que? Antes só do que mal acompanhada!

Volta música, mas noto que o vento que me incomodava para. Bondade do fulaninho é que não é, vi em seus olhos de relance o prazer que ele quer. Ó céus, é pior. A bendita fila que nessas horas de pico sempre dá. Junto dela minha raiva também vem, minha só não, as diversas cabeças curiosas subindo a olhar para frente provam que não sou a única que quer reclamar.

Ouço um “– Vai meu filho, tem medo de passar?” lá de trás. Eu que não fui, mas apoio o rapaz, motorista lento, não sabe o que faz.

Depois da curva que faz todos no banco segurar percebi que estou a rimar, acho que sou a única que não está a estudar ou roncar. Pelo menos pude todos observar, e falar, e falar, falar.

Patavinas, quando lembro de tudo isso anotar, noto que eu acabei de chegar, saco, e agora como vou lembrar? Talvez eu deva rimar, fica mais fácil de brincar, anotar, recordar, te falar.